A Coragem para liderar - “A coragem é contagiosa”
Eng. Civil Rogerio Cardoso - 09/01/22
No momento em que o universo pôs a citação de Roosevelt diante de mim, três lições ficaram claríssimas. A primeira é a que chamo de “a física da vulnerabilidade”.
É bem simples: se formos corajoso o suficiente, com frequência suficiente, vamos cair. “Ousar” não é dizer “Estou disposto a correr o risco de fracassar”.
“Ousar” é dizer “Sei que vou acabar fracassando em algum momento e ainda assim mergulho de cabeça”. Nunca “conheci alguém corajoso” que não tivesse experimentado a “decepção”, o “fracasso” e até mesmo “a tristeza”.
Fig. 01 - Vulnerabilidade
Em segundo lugar, a citação de Roosevelt traduz fielmente tudo que aprendi sobre vulnerabilidade. A definição de vulnerabilidade como sentimento que experimentamos durante os períodos de incerteza, instabilidade e exposição emocional surgiu pela primeira vez no meu trabalho há duas décadas e foi validada por todos os estudo que fiz desde então, inclusive por esta pesquisa sobre liderança. “Vulnerabilidade” não “é ganhar” ou “perder”, é “ter a coragem de agir” quando “não se pode controlar o resultado.”
Pedimos a milhares de pessoas ao longo dos anos que descrevessem o que é vulnerabilidade para elas, e estas são algumas das respostas que remetem diretamente a este sentimento:
- Ir ao primeiro encontro depois do divórcio.
- Falar sobre questões raciais com a equipe.
- Tentar engravidar depois do segundo aborto espontâneo.
- Abrir o seu próprio negócio.
- Ver meu filho entrar na faculdade.
- Pedir desculpas a um colega pelo modo como falei com ele durante uma reunião.
- Mandar meu filho para o ensaio da orquestra sabendo o quanto ele quer ficar na primeira fileira e que existe a possibilidade de ele nem entrar na orquestra.
- Esperar o médico ligar de volta.
- Dar feedback.
- Receber feedback.
- Ser demitido.
- Demitir alguém.
Em todos os dados que coletamos não há nenhuma “evidência empírica” de que ”vulnerabilidade é uma fraqueza.”
As experiências que envolvem vulnerabilidade são fáceis? "Não."
Elas podem nos deixar ansiosos e inseguros? "Sim".
Elas fazem com queiramos a nos proteger? "Sempre".
Viver estas experiências com plenitude e sem uma armadura requer coragem? "Sem dúvida".
Fig. 02 - Aceitando a Vulnerabilidade
A terceira coisa que aprendi se transformou em uma missão na qual baseio a minha vida: “se você não está na arena apanhando de vez em quando”, eu não tenho o menor interesse e “nem estou aberta a ouvir o feedback”.
Existe “um milhão de assentos baratos no mundo atualmente”, todos ocupados por “pessoas que nunca serão corajosas na vida”, mas “gastarão toda a energia” que têm oferecendo “conselhos” e “julgando aqueles que ousam”.
Suas únicas “formas de contribuir” são com ”críticas”, “cinismo” e “alarmismo”. Se você está criticando sem se colocar em risco, não estou interessando no que tem a dizer.
Precisamos “evitar o feedback” de quem está “ocupando os assentos baratos” e nos “livrar das armaduras”. Os entrevistados que fazem bem essas duas coisas também tem um truque em comum: “saber de quem são as opiniões a seu respeito que realmente importam.”
“Precisamos buscar o feedback dessas pessoas”. E mesmo que esse feedback seja muito difícil de ouvir, “devemos escutá-lo” e leva-lo em consideração até “aprender a lição.”
Vale dizer mais uma vez que, se nos “fecharmos a todos os feedbacks”, paramos de “crescer”. Se “escutarmos todos os feedbacks”, sem levar em conta a “qualidade e a intenção deles”, tudo se torna “doloroso demais”, e como resultado “vestimos uma armadura”, fingindo que não “sentimos dor”, ou pior ainda, nos distanciamos da “vulnerabilidade e dos sentimentos” de modo a não sentirmos mais dor.
Quando chegamos ao ponto de “usar uma armadura tão espessa” que não sentimos mais nada, é aí que “vem a morte verdadeira”. Em troca de “proteção”, fechamos o “coração a tudo e todos” – não apenas para a dor, mas também para o amor.
Fonte: Brené Brown
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