Logística Contemporânea na Lean Construction - Parte 2
Com a evolução da tecnologia, da indústria 4.0 e da internet das coisas, mais do que nunca a construção civil precisa caminhar na direção da lean construction, ou seja, precisa fazer o máximo com o mínimo de recursos. E um destes caminhos passa pelo braço da logística para fazer os processos acontecer em “jus in time”, ou seja, no tempo certo, com a quantidade certa e no lugar certo. Do local da fabricação, passando pelo transporte rodoviário, descarga, estocagem e finalmente o transporte para o local da aplicação do material. Fase real da agregação de valor ao produto, ou seja, é transformação com uso da mão de obra e materiais no produto final.
Na FIG. 1, mostra uma sequência resumida de uma cadeia de suprimentos. E nesta figura, o cliente final são as obras em execução. E neste contexto, escreverei sobre a logística a partir do início do recebimento dos materiais na caixinha do “consumidor final ou de uma obra qualquer.”
FIG. 1 – Cadeia de Suprimentos Resumida
Projeto do lay out do canteiro de obras
Na grande maioria dos canteiros de obra no Brasil, os engenheiros não se preocupam em investir uma boa parte de seu precioso tempo, em um bom projeto de lay out do seu canteiro de obras.
Uma grande maioria acha que é somente definir as áreas de escritórios, sanitários, vestiários, refeitórios, área para produção de argamassa, local para depósito de cimento, areia, brita, tijolos, aço.
E mesmo assim sem se preocupar muito com um lay out mais adequado a minimizar as movimentações de materiais.
E a rotina é: “O administrativo da obra e/ou o velho almoxarife chega para o engenheiro e comunica que tem uma carga de material lá fora. E pergunta, onde descarregar, e o engenheiro não pensa 02 vezes e responde. Fala com o mestre de obras que ele resolve. E não tem dúvida que este material será descarregado em um lugar improvisado que provavelmente poderá sobre uma nova movimentação por estar em um lugar inapropriado. Começa os retrabalhos e perda de tempo de mão de obra com movimentações impensadas. E assim é a rotina da maioria das obras Brasil adentro.
E como mudar este paradigma?
Primeiro – Para fazer um projeto de “lay out de canteiro de obras funcional” é preciso além de definir todas as áreas de trabalho acima já citado, é preciso incluir os espaços necessários para receber e estocar os diferente tipos de materiais, em momentos diferentes do cronograma, com quantidades adequadas aos ciclos de trabalho ou takt time dos vagões na torre (sem gerar grandes estoques).
A sequência de materiais a ser seguida, é exatamente a sequência de um trenzinho com seus respectivos vagões. Sendo o primeiro vagão(V1) logo atrás da locomotiva, o segundo vagão(V2) puxado pelo vagão(V1) e assim por diante. Cada vagão tem seus pacotes de atividades balanceados para ser executadas dentro um takt time ou ciclo.
Como sugestão prática, no dimensionamento dos espaços para os estoques de materiais e montagem dos kits, recomendo trabalhar com o espaço físico de três pavimentos (+- 01 mês de estoque), pois normalmente, os ciclos variam de 5 a 8 dias trabalhados (aqui precisa de ajustes específico para cada ciclo exato da obra).
Fig. 2 – Projeto do Lay Out de Logistica de Materiais – Estoque x Jus In Time
Com estes dados, é possível pré-dimensionar as baias (m2) para os estoques de materiais paletizados e pequenos volumes (acessórios diversos) para ser colocados em prateleiras adequadas e em locais também específicos.
Segundo – Com as informações acima levantadas, temos informações para elaborar o desenho físico das áreas de estocagem do lay out com medidas reais e corretas. Nos arruamentos entre as baias trabalha-se com uma largura de mais ou menos 2,0 m para facilitar o trânsito das
paleteiras nas movimentações dos paletes de materiais. É normal que este projeto sofra várias revisões em função de melhorias ainda durante o processo de definição final do projeto.
Terceiro – Outro ponto importante no planejamento e definição dos espaços para os estoques de materiais é que, o espaço máximo no projeto de lay out é estocar todos os materiais necessários para “execução simultânea do vagão contendo as atividades de alvenaria lá no ultimo pavimento tipo e o material do vagão que está entrando no primeiro andar simultâneo”. Pois ao terminar a alvenaria do último andar na torre, já fico com este espaço livre (área de estocagem dos tijolos) para utilizar como “baias” para outro vagão que for iniciar no primeiro pavimento tipo. E assim por sucessivamente até a entrada do último vagão do trenzinho no primeiro andar da torre.
Quarto – Na implementação das locações (medidas) reais do projeto de lay out do canteiro focado na área de logística de materiais, iremos demarcar no piso de concreto, as baias, os arruamentos e locais de expedição dos kits de materiais prontos com fita adesiva colorida amarela. As identificações das baias, das caixas nas prateleiras é de fundamental importância para a gestão e operação física da logística. E são feitas com placas adequadas com sinalização em cores. (Verde, amarela e vermelha)
Quinto – Para os “materiais considerados acessórios” de uma maneira geral, utilizamos as prateleiras metálicas práticas, com as devidas identificações dos materiais, com informações visual de cores para a gestão de estoques mínimos.
No próximo artigo, vou continuar com tema " Logística Contemporânea na Lean Construction", falando sobre: Como fazer o planejamento da logística de materiais de uma obra e obter um alto nível de eficiência na entrega de resultados da produção.
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